Rafael Sento Sé

Não parece, mas fabricar cerveja na cozinha do apartamento é mais fácil do que se imagina. Basta ter à mão os apetrechos necessários e frequentar um curso de noções básicas. A parte complexa é conseguir, em casa, uma bebida de sabor minimamente equilibrado – o que exige um bom tempo de prática na manipulação de grãos, extratos e leveduras. Até isso acontecer, litros e litros da mistura de água, cevada e lúpulo costumam ir direto para o ralo. Com perseverança e empenho, no entanto, é possível chegar a uma fórmula que não faça má figura diante das similares vendidas nos supermercados cariocas e das marcas consagradas. Foi o que aconteceu com o analista de sistemas Sérgio Fraga. Em seu processo de aprendizado, ele acabou sendo expulso da cozinha pela mulher e teve de se contentar com um fogareiro instalado na área de serviço. Mas a persistência valeu a pena. Em parceria com um sócio, ele acaba de montar uma pequena fábrica em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, com capacidade para produzir 6 000 litros da bebida por mês. Feita de grãos de trigo, a Fraga Weiss junta seu sobrenome à variedade alemã escolhida. "Foram cinco anos até chegar lá", diz.
Ambiciosa, a meta de Fraga é repetir a trajetória trilhada por alguns de seus pares no exterior, gente que começou a produção artesanal como passatempo e hoje ganha a vida assim. Nos Estados Unidos, a fabricação doméstica tem 20 000 adeptos, e o mais impressionante é que, juntos, eles já respondem por quase 10% do mercado americano. Por aqui, os números são bem mais modestos: teríamos 900 aficcionados, 100 deles instalados no Rio. O crescimento, porém, é constante. Apenas no ano passado, 120 pessoas frequentaram as aulas promovidas pela Associação dos Cervejeiros Artesanais (Acerva), que ministra os cursos na cidade. E pelo menos 10% declaram a intenção de levar a brincadeira a sério. "Durante anos os brasileiros só tiveram acesso ao tipo pilsen. Há uma demanda reprimida por outras variedades", explica Leonardo Botto, diretor da entidade.

Fonte: http://vejabrasil.abril.com.br/rio-de-janeiro/editorial/m1691/a-vez-da-cerveja-caseira
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